Geração Z tem sido a segunda opção para gestores

Estudo norte-americano aponta que funcionários mais experientes ainda são prioridade na hora de escolher um novo membro para a empresa 

Uma pesquisa recente mostrou que lideranças das empresas dos EUA preferem contratar profissionais mais experientes aos novatos. Segundo um estudo de março deste ano da Intelligent.com, companhia norte-americana voltada para o estudo de fenômenos sociais, 38% dos diretores entrevistados disseram priorizar pessoas com maior experiência, pela postura no mercado de trabalho.

Caio Infante, especialista em mercado de trabalho, vice-presidente da Radancy e cofundador da Employer Branding Brasil, comenta que a falta de interesse por parte dos jovens no trabalho é o que mais tem preocupado os gestores. Ele exemplifica isso com um dado extraído de uma recente matéria da Forbes, que diz que mais de 31% das organizações estão evitando contratar jovens.

Para Infante, há um descasamento entre o que as companhias esperam e o que a geração Z entrega. “Se 4 em cada 10 empresas não querem contratar jovens, a gente precisa se preocupar”, disse o especialista.

“Existe também um percentual de jovens que faltam no trabalho e não se justificam. Não estão nem aí. E não é porque eu seja de outra geração que falo isso. Trabalho é compromisso. Imagina se eu marco uma entrevista com você e sequer apareço por aqui? O jovem também precisa cumprir com os seus deveres”, completa Infante.

A social media Geovanna Ferreira, de 22 anos, já recusou diversas oportunidades de emprego para trabalhar como autônoma e gerir seu próprio tempo.

“Às vezes, pinta uma dúvida. Um emprego formal pode ser muito mais estável e garantido para meu futuro. Mas, ao mesmo tempo, fazer a mesma coisa todo dia pode me gerar uma ansiedade”, disse Geovanna.

Geovanna Ferreira em material de divulgação de sua agência
Foto: Divulgação

“Fazer uma coisa igual todos os dias, me apavora”

Ela destaca que preza muito mais um emprego que vá além do dinheiro, pois, afirma, é de uma geração que não se prende ao aspecto financeiro. “É claro que precisamos pagar contas, mas por que vou continuar num emprego que não me faz feliz?”, afirma.

Infante destaca que esse pensamento ocorre porque o mundo corporativo não é tão veloz quanto o jovem quer. Segundo ele, apesar das novas tecnologias, a burocracia ainda se faz presente e não sairá tão cedo do mercado de trabalho.

“É preciso ter resiliência e paciência. Eu não me tornei vice-presidente com 14 anos e nem sou herdeiro. Eu construí minha carreira desde o início”, destaca o cofundador da Employer Branding Brasil.

Estabilidade ainda atrai a nova geração

Por outro lado, há quem almeja longas carreiras. Lívia Barbosa é estagiária da área de finanças em uma multinacional e sonha em se tornar uma profissional de renome. A universitária, que ingressou como aprendiz na organização, projeta um crescimento gradativo.

Lívia (com o microfone) palestrando durante evento corporativo interno.
Foto: Arquivo pessoal

“Eu não sairia daqui tão cedo. Estou em um lugar que entrega a maioria das coisas que eu espero de um ambiente corporativo. Ficaria anos e anos aqui. Se eu tiver a oportunidade de construir minha carreira até um nível de senioridade, não vejo motivos para sair”, destaca Lívia.

As grandes carreiras em um único ambiente de trabalho não são novidades para as gerações que antecedem a “gen Z”. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, profissionais que possuem entre 50 e 64 anos têm experiências superiores a 10 anos de carteira assinada na mesma empresa.

Lívia também comenta que a estabilidade financeira é importante, mas que não consideraria renunciar a valores para permanecer dentro de uma organização. “O valor está conectado a algo bem maior do que o dinheiro. Estar dentro de um ambiente que não conversa com o que eu sou, não faz sentido algum”, finaliza.

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